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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mal-humorados: um guia de conduta para com eles



Resolvi postar a "faixa-título" do meu último livro.
Agradecimentos Polarescos pra Ana Seerig que teve saco para digitar esta merda, diretamente do livro.

Ótimo, pois eu tenho o hábito de obliterar as coisas já publicadas em papel, para, finalmente, num rompante borgeano, livrar-me delas.

Mal-humorados: um guia de conduta para com eles


Há pessoas que acordam todo o santo dia de mau humor. Considero tal comportamento irritante e irrito-me muito mais por estar consciente de que sou uma dessas pessoas.
Aliás, para ser mais específico, eu não acordo. Eu regresso de uma breve temporada de hibernação. E coitado do vivente que disser: Bom dia!

Certo. Com o passar das horas vou me tornando menos insuportável - para os outros e para mim mesmo - e, dizem alguns, lá pelas 19 horas até posso ser uma companhia tolerável. Inclusive gostaria de deixar por escrito o meu protesto contra o sujeito que considerou uma ideia plausível os viventes urbanos acordarem antes das 9 horas.

Acontece que sou tão-somente um exemplo de mal-humorado. A casta dos antissociais matutinos tem muitas categorias e subcategorias notáveis.

Eu, por exemplo, conheço gente que há mais de três anos dorme com uma pistola debaixo do travesseiro e faz questão de deixar tal coisa bem às claras para quem quiser - ou não - saber; tem também aquele que ajuda a sustentar a indústria de despertadores de Taiwan, mantendo a média de consumo em 3,25 despertadores/semana; tenho um amigo que é primo de um cara que estudou com a ex-namorada de um sujeito que, reza a lenda, por ser um funcionáro muito eficiente em sua repartição, tinha a regalia de ficar isolado em uma sala, sozinho, até às 11 horas da manhã, com um aviso de 'não-alimente' afixado no cadeado da porta.

Mas o mal-humorado é, na verdade, uma vítima. Sim! Pois não há disposição contrária ao mau humor nos códigos legais brasileiros. Somos antissociais matinais e com todo o direito de sê-lo! E é tão simples lidar conosco... Basta observar os sinais: as expressões corporais, os periféricos e, quando há, as palavras do interlocutor. Se você é um desses que insiste em dialogar com bichos-do-mato, fique atento aos exemplos:

1. Expressões corporais:

a) Acontecimento: o Menezes entra pelo pátio da empresa cuspindo no chão e balançando a cabeça. Dá uma bicuda no cachorro que por ali passa e ignora o cumprimento dos colegas. Ah! Estamos numa segunda-feira e faltam doze minutos para as 8 horas da manhã.

b) O que você faz: chega com um sorriso tosco e tenta contar uma piada de corno pro Menezes.

c) O que acontece: você, com sorte, leva uma cusparada na cara. E só assim desconfia da razão do humor péssimo que assola seu amigo.

d) O que você deveria ter feito: ignorar a entrada do Menezes na sala. Nem que para isso precisasse sumir por uns instantes, refugiando-se no banheiro. Com o passar do dia - ou da semana - o Menezes até vai ter saco pra ouvir uma das suas piadas sem graça.

2. Os periféricos:

a) Acontecimento: seu companheiro de peladas de domingo de manhã, no campo da Vila do Adeus, o Gaguinho, finalmente está em liberdade condicional, após cinco anos de reclusão.
Dizem que o rapaz dedicou muito do tempo na prisão em atividades relacionadas a quebrar pedras, com fins de remissão penal. Gaguinho aparece no campo pra jogar. Ele está exalando um cheiro estranho e, além disso, tem uma pupila muito mais dilatada que a outra, pisca sem parar e está portando um revólver calibre 38. Cano curto, é claro.

b) O que você faz: pra quebrar o 'gelo', é óbvio, você toma a dianteira e vai logo perguntando:
- E aí, Gaguinho... vai jogar só no desarme ou mais preso pelo meio? Ah, não! Hoje você quer jogar com mais liberdade, né? Mas olha só, aqui no time a coisa é pegada. Enquanto descansa tem que quebrar pedra.

c) O que acontece: você é baleado.

d) O que você deveria ter feito: de preferência, ter ficado na sua. Mas é claro que um imbecil do seu naipe não pode ficar quieto. Então, que dissesse:
- E aí, Gaguinho... beleza? Seguinte: eu tô machucado. Tu joga no meu lugar?
Ah, sim! E de preferência vá embora antes que ele comece a atirar em algo.

3. As palavras do interlocutor:

a) Acontecimento: você é daqueles que têm algum tipo de prazer mórbido em acordar cedo no sábado. Desperta antes mesmo que o Sol tenha coragem de fazê-lo. Como não acha ocupação pra sua manhã insone, julga fazer grande coisa indo acordar algum amigo seu.
A vítima é o Felipe, cujo qual você sabe, saiu na noite anterior e deve estar chumbado na cama. O mau humor desse camarada é ponto de referência na cidade. E você, evidentemente, vai até a residência do supracitado moço.
Chegando lá, convence a mãe do sujeito a acordá-lo. Relutante, ela vai:
- Felipe!
- ...
- Felipe, acorda!
- Sai daqui, caralho!
- Felipe!
- Porra, me deixa dormir, pqp!

b) O que você faz: mesmo ouvindo os insultos proferidos à própria mãe, seu 'desconfiômetro' não acusa, e você acaba entrando no quarto do rapaz, puxando as cobertas e abrindo as janelas.

c) O que acontece: o Felipe treina Jiu-jitsu e lhe aplica um double-leg.

d) O que você deveria ter feito: pra começar, seria bom ter morrido no parto. Como se criou e chegou até tal circunstância, deveria ter ido embora epar sua casa e mrgulhado de volta na cama. Não por sono, mas por poupar os outros de aturá-lo acordado.

Como podeis ver, nós, os mal-humorados, atédamos a oportunidade de sermos reconhecidos e não importunados. Entenderam? Sim? Ótimo! Não? Azar o seu, agora me deixe dormir.


Topo do playlist:
repertório do Cuarteto Alejándro Córdoba (Engenheiros do Hawaii, discos verde e azul, basicamente)

3 comentários:

Anonimus Gourmet disse...

Anão no Banheiro

Um anão, num banheiro público, não consegue alcançar o mictório.
Pede então a um cara grandão, ao seu lado, para colocá-lo num banquinho.
O cara, querendo ajudar, prontamente atende o pedido. Quando abre a calça pra mijar, o anão olha para o lado e diz ao grandão:
- Pô, cara, que saco lindo você tem!
- Qual é, anão, você é viado?
- Não, senhor, sou pequeno, mas sou casado, pai de seis lindos filhos.
- Então qual é a sua?
- É que nunca vi um saco tão lindo quanto o seu. Posso dar uma pegadinha?
- Está louco? Quer apanhar, nanico?
- Olha seu tamanho, seria covardia. Desculpe, é que é realmente extraordinário o seu saco. É de verdade? Me deixa dar uma pegadinha, só para que eu possa acreditar. Não tem ninguém olhando.
E assim, sem saída o cara, constrangido, diz:
- Vai aí, anão, pega logo pra parar de encher.
O anão então põe a mão numa bola e a outra na outra bola e diz:
- Aí, grandão, isto é um assalto, me dá todo o seu dinheiro, senão... eu pulo do banquinho.

O mesmo disse...

Levo ou deixo?

Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho
estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou
haver um ladrão tentando levar seus patos de criação.

Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o, quando este
tentava pular o muro com os patos, disse-lhe:

- Oh, bicéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos
bípedes palmípedes, mas, sim, pelo ato vil e sorrateiro de profanares o
recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à
socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares
da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei, com
minha bengala fosfórica, bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal
ímpeto que te reduzirei à qüinquagésima potência que o vulgo denomina
nada.

E o ladrão, confuso, diz:

- Dotô, resumino, eu levo ou deixo os pato?

O mesmo disse...

Levo ou deixo?

Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho
estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou
haver um ladrão tentando levar seus patos de criação.

Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o, quando este
tentava pular o muro com os patos, disse-lhe:

- Oh, bicéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos
bípedes palmípedes, mas, sim, pelo ato vil e sorrateiro de profanares o
recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à
socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares
da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei, com
minha bengala fosfórica, bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal
ímpeto que te reduzirei à qüinquagésima potência que o vulgo denomina
nada.

E o ladrão, confuso, diz:

- Dotô, resumino, eu levo ou deixo os pato?