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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A Grande Idéia




Outro dia ocorreu-me uma idéia magnífica. E desta vez não visava o prejuízo de outem nem tampouco a desgraça do alheio para minha satisfação pessoal. Não! A idéia surgiu-me como que num frenesi (ou qualquer termo menos afrescalhado para designar uma idéia que vem do nada) e visa algo benéfico. Inclusive pra ti!

Passei dias, semanas... acho que até meses estudando a melhor forma de expô-la ao público de maneira que soasse coerente, praticável e irrefutável, visto que não adianta em absolutamente nada a semente de uma grande idéia sem que a mesma seja cultivada de maneira adequada para que dê frutos dignos no porvir.

A cada vez em que trabalhava mentalmente na idéia em questão, a mesma tornava-se mais complexa, mais difícil de ser explicada. Fui obrigado a recorrer a artigos específicos, para saber se algo desta natureza já havia sido praticado, ou, ao menos, tentado em algum lugar, em alguma época.

Não encontrei absolutamente nada que sequer se aproximasse de tal idéia. Estaria eu, logo eu, criando algo inédito e revolucionariamente novo? Coubera a mim incitar um novo conceito? Teria sido logo a minha mente a receptar um sinal cosmológico de indubitável validade para - sem exagero algum - toda a humanidade?

Confesso que senti uma ponta de orgulho: a Nova Era poderia passar diretamente por mim. Meu nome escrito em letras garrafais nos livros de história.

Historiadores superlativizando minhas qualidades! Nomeando-me mil beldades como supostas amantes da época! Dando-me ares de valente e intrépido herói!

Depois veio a fase da apreensão: certamente algum judeu pouco escrupuloso não iria muito com a cara do meu nome e escreveria uma série de sucessos de venda, de cunho extremamente sensacionalista:

Volume I: A vergonha de Kehrwald - hermafrodita, viciado em crack e cheirador compulsivo de calcinhas de travestis.

250 mil cópias vendidas

Volume II: Kehrwald e o Nazismo: provas definitivas do encontro de Maurício Alejándro Kehrwald com Hitler, em Buenos Aires, 1943.

(este último viria com um preâmbulo chamado: Kehrwald e a máquina do tempo)
500 mil cópias vendidas

Volume III:A história por trás da família Kehrwald - seria Maurício Alejándro um híbrido entre a mulher-barbada de um circo de horrores e um torcedor do Juventude?

1 milhão de cópias vendidas

Este último pensamento deixou-me horrorizado! Precisava relaxar... extravasar um pouco.
Fui até o bar do Negão

- Ô, Negão! Me desce um liso que eu preciso relaxar um pouco!
- Dá boa ou da diluída?
- Da boa!
- É pra já...

Após 8 martelinhos da mais pura, grim and frostbitten cachaça brasileira, decidi, iluminado:

- Chegou a hora de revelar a Grande Idéia!

Sem dar atenção para o que parecia tão somente mais um delírio de bêbado, Negão cobrou-me a conta e eu voltei para meu escritório, pronto a iniciar o artigo de divulgação.
Liguei o computador, sentei-me confortavelmente. Reclinei a cadeira e... dormi!

Na manhã seguinte, com a cabeça latejando como se houvesse um Froner duende mineirando minha caixa craniana de dentro para fora, havia me esquecido completamente de minha Grande Idéia.
E nunca mais lembrei.

Topo do playlist:

Músicas do repertório do Cuarteto Alejándro Córdoba (Engenheiros do Hawaii, Décio Tavares, Julieta Venegas, Nélson Gonçalves, Troloris)

1 comentários:

Anônimo disse...

puta maluco do caralho.
ps: bebinha.